
Nascido na Beira (Moçambique), em 1955, Mia Couto é considerado um dos nomes mais importantes da nova geração de escritores africanos que escrevem em português. Este estatuto incontestado deve-se não só à forma como descreve e trata os problemas e a vida quotidiana do Moçambique contemporâneo, mas principalmente à inventiva poética da sua escrita, numa permanente descoberta de novas palavras através de um processo de mestiçagem entre o português «culto» e as várias formas e variantes dialectais introduzidas pelas populações moçambicanas.
Um dos últimos livros “A CHUVA PASMADA” é de uma riqueza de expressão notável, em que as ilustrações o completam harmoniosamente:
Como ele sempre dissera:
o rio e o coração, o que nos une?
O rio nunca está feito, como não
está o coração. Ambos são sempre
nascentes, sempre nascendo.
Ou como eu hoje escrevo:
milagre é o rio não findar mais.
Milagre é o coração começar sempre
no peito de outra vida.
Mia Couto
Betty Branco Martins
25-Fevereiro-2005