O Menino da quinta-feira Negra



ALEJANDRO JODOROWSKV

Tocopilla, pequena povoação portuária no norte do Chile: eis o cenário inicial do relato aventuroso e fantástico - coado por uma imaginação delirante e indomável - de destinos que dão sentido inesperado à vida dos seus personagens. As histórias, entre outras igualmente deslumbrantes, de Jaime Jodorowsky - homem atarracado, comunista e ateu, crente de que o único ideal digno do homem é um estômago cheio - e de sua mulher, Sara Felicidad - mulher alta, de cabeleira fosforescente, pele de nácar e olhos de azul profundo, que não sabia falar como os seres humanos: emitia apenas notas musicais, como os anjos. E, numa atmosfera de subtil perfume alquímico e matiz surrealista, em pleno ambiente histórico do Chile dos anos 30, palco de confrontações ideológicas, de ambições políticas locais, subjugadas pelos interesses de potências estrangeiras -, é nessa atmosfera que, irreal e sobranceira, pontifica a figura redentora de Rebe.

Alucinação ou não, ela muda a vida dos personagens.

Betty Branco Martins