José Alexandre Ramos



Lágrima retida no teu rosto

a tua espiral de cabelo e beijos suavizados
na pluma do orvalho refrescando a juventude dos lírios
toco-lhe com um dedo e a luz colorida do teu olhar
sorri como mil lábios.
a palma das minhas mãos feitas da areia mais fina
e a sede do teu hálito saciado de mar.
mostras-me a curva do teu corpo onde nidificam as garças
e insinuas a origem dos paraísos sonhados no teu umbigo.
abro os meus braços e abre-se a abóbada celeste sobre o teu olhar encantado.
teus lábios mexem-se num sussurro e compreendo que as palavras proferidas
numa cadência de rouxinol
eternizam o poema de amor jamais escrito ou dito.
e daqui, mulher, que podem as musas e os deuses agora esperar
se esta gota que do vidro do cristal dos diamantes africanos é feita a sua luz
esgota a possibilidade de qualquer olimpo, de qualquer ilha dos amores pintada
mais forte que todos os punhais e todo o fel das tragédias dos amantes
aberta em mar que se agiganta no derradeiro dilúvio?

- meu amor, é apenas a lágrima retida no teu rosto.

José Alexandre Ramos

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______sigo as pegadas da sua escrita pois nela muitas vezes me inspiro. foi meu professor - crítico e amigo - pela forma delicada que me chamava a atenção - das minhas falhas - dos meu erros
.obrigada - José Alexandre Ramos



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  • Betty Branco Martins