
MANUEL ALEGRE
Não foi por acaso que muito cedo a poesia de Manuel Alegre se encarnou em música e canto. Por instinto, inscreveu tendencialmente os seus poemas no horizonte simbólico e onírico da oralidade.
E a Carne se fez Verbo
E a carne se fez verbo. E o sangue idéia.
E a idéia se fez força e canto e espada.
E trigo semeado e gesto que semeia.
Era um país futuro em cada aldeia
era um país de música nas mãos sem nada.
Eram armas e homens vestidos de vento
era um tempo de ser ou de não ser
camponeses tambores e uma espada a escrever
com teu sangue em teu chão teu nome português.
Era Lisboa revoltada e a tempestade
em mil trezentos e oitenta e três:
Portugal a formar-se a liberdade
escrita em seu nome com punhais de vento.
Manuel Alegre