
A Guardiã dos Sonhos
«Os sons, os cheiros e os sabores da Malásia do séc. XX – um mundo sensual e
exótico, povoado de mitos e magia, de deuses e fantasmas – unem-se numa sábia combinação de tradição e realismo mágico para contar uma história de riso, perda, amor e traição, que é, no fundo, o relato da vida atribulada de quatro gerações de mulheres.»
Assim começa: A Guardiã dos Sonhos
Nasci no Ceilão em 1919, numa época em que os espíritos vagueavam pela terra como as pessoas. Antes de o clarão da luz eléctrica e o rugido da civilização os ter afugentado para o coração oculto das florestas. Habitavam no interior de árvores gigantescas, envoltas em sombras frias, de uma tonalidade verde-azulada.
No silêncio mosqueado, podíamos estender a mão e quase sentir a sua presença muda e brilhante, porque ansiavam desesperadamente por assumirem uma forma física. Se, ao atravessarmos a floresta, nos acossava o desejo de satisfazermos as nossas necessidades, tínhamos de dizer uma oração e pedir-lhes licença antes que os nossos dejectos atingissem o chão, porque se ofendiam com facilidade.
A invasão da sua solidão era a desculpa de que se serviam para se insinuarem no corpo de um intruso. Para caminharem nas suas pernas.
Desejo uma boa leitura
Betty Branco Martins